Por conta da pandemia do COVID-19, em 11 de março, às aulas e serviços foram suspensos em todo território nacional.
Por ser novo, não temos vacinas de proteção contra ele esse vírus que vem atacando pessoas de todas as idades, tamanhos e raças, e muito menos métodos eficientes para conter o espalhamento dele, a não ser o isolamento social.
Por conta disso, foi decidido pelo Governo Nacional e Estadual que todas as aulas e atividades presenciais, tanto na rede pública quanto na rede particular, fossem suspensas, sem uma data certa para o retorno.
Entretanto, para não atrasar os estudantes em seus devidos anos letivos, algumas instituições abraçaram o método de atividades escolares não presenciais, para passar o conteúdo que seria ensinado em sala de aula. Tal flexibilização rendeu discussões de dois lados, de um desses lados existem pessoas satisfeitas com o que foi feito, e de outro, pessoas aflitas, por não sentirem que estão absorvendo o conteúdo necessário.
Devido a situação de pandemia, não somente empresas, mas também universidades se sentiram na obrigação de passar por um processo de migração digital. Sendo que algumas se adaptaram bem e outras lutam cotidianamente para passar por mais um desafio.
E a Universidade Regional de Blumenau?
A FURB conseguiu transformar seu ensino em EAD já na segunda semana de quarentena declarada, mostrando um preparo e qualificação dos professores e da equipe pedagógica. Com isso, a educação continua a fluir através do digital, levantando vários pontos positivos, como: não perder tanto tempo de dias letivos e promover e instigar o aprendizado de ferramentais digitais, tanto da parte dos alunos, como dos professores, aumentando a gama de plataformas que contribuem para um ensino de qualidade.
Apesar disso, os alunos estão enfrentando o desafio de estabelecer uma rotina de estudos, tendo em vista que é necessário um policiamento maior para a realização das atividades que são sugeridas em aula. Além de que, agora, eles têm total dependência de uma rede de internet estável. Ainda, vale ressaltar a realidade de muitos estudantes. De acordo com uma pesquisa divulgada em 2019, 58% dos domicílios no Brasil não possuem computadores e 33% não têm acesso à internet, o que impossibilita a realização das aulas à distância e consequentemente obriga à esses alunos a não realização das atividades, bem como aos professores, que também estão submersos nesta realidade.
Sabe-se que a educação vai além da exposição de conteúdos. Muitas vezes para que o ensinamento seja conclusivo, aprender a parte prática é de vital importância, principalmente quando fala-se na educação superior.
A prática e a teoria
Elas são a base do ensino, porém, em alguns cursos, precisa-se do conteúdo prático de uma forma mais intensa, como é o exemplo dos cursos de medicina, educação física e gastronomia. E infelizmente, atualmente ainda não foi encontrada uma forma de suprir esse conteúdo prático, já que o mesmo demanda contato humano. Isto tem gerado preocupações de alunos destes e dos outros cursos em geral, pois o atraso das aulas práticas que se acumulam, acaba prejudicando a jornada acadêmica. Muitos alunos buscam realizar estas atividades em suas próprias casas, mas infelizmente não conseguem alcançar a mesma experiência disponibilizada pelos laboratórios e salas de aula que atualmente encontram-se fechados.
Segundo o Secretário Estadual da Educação, Natalino Uggioni: “Ministrar uma aula em EAD não é o mesmo que uma aula presencial. Requer material diferente, lúdico, interativo e atraente para obter a atenção do aluno por intermédio da tela. Estamos trabalhando com todas essas variáveis em uma situação completamente diferente, que nunca vivenciamos, e cujo período iremos transpor com responsabilidade e com a participação de toda a nossa rede de ensino”.
Nessas circunstâncias, adaptações pedagógicas estão sendo feitas para que a experiência das aulas EAD seja a melhor possível. Mas será que colocar a educação de milhares de jovens como forma de teste para ver se um método funciona, quando observa-se que não está funcionando, é o certo a ser feito em um momento tão delicado como o atual?
E como ficam os professores?
Uma recente pesquisa mostra que 83% dos professores que estão lecionando de forma EAD se sentem despreparados, e reforçam ainda mais uma falta de qualificação voltada para a educação à distância. Além de que, deve-se levar em consideração que muitos professores que precisam se adequar a essa forma de ensinar são pessoas idosas, as quais muitas vezes não possuem conhecimento em internet e computadores.
São esses professores que não tiveram preparo algum do estado para enfrentar tal situação. Professores que tiveram que ir para casa de familiares no meio de uma pandemia para receber ajuda de sobrinhos e familiares para conseguirem tentar dar aula. O professor sofre com a falta de preparo, e o aluno sofre por não conseguir absorver o conhecimento, que deve ir além do conteúdo, tornando-se efetivamente uma habilidade adquirida.
Pensando no futuro
No fim da pandemia, deve-se entender tudo isso como um aprendizado. Tanto pessoal e individual, como também um aprendizado para o governo que teve suas falhas na educação exposta, deixando claro o quão longe o Brasil está de uma educação de qualidade.
As Secretarias de Educação já deviam ter suas “cartas na manga” para eventuais problemas excepcionais, no entanto, o despreparo é visível, deixando professores desamparados. É importante refletir sobre o que se passa, entender a atual importância do meio digital e buscar soluções para as próximas crises que podemos enfrentar daqui, 1, 10 ou 20 anos.
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